21 avril 2008
São Leonardo da Galafura
À proa dum navio de penedos,
A navegar num doce mar de mosto,
Capitão
no seu posto
De comando,
S. Leonardo vai sulcando
As ondas
Da
eternidade,
Sem pressa de chegar ao seu destino.
Ancorado e feliz no cais
humano,
É num antecipado desengano
Que ruma em direcção ao cais divino.
Lá não terá socalcos
Nem vinhedos
Na menina dos olhos
deslumbrados;
Doiros desaguados
Serão charcos de
luz
Envelhecida;
Rasos, todos os montes
Deixarão prolongar os
horizontes
Até onde se extinga a cor da vida.
Por isso, é devagar que se aproxima
Da bem-aventurança.
É lentamente
que o rabelo avança
Debaixo dos seus pés de marinheiro.
E cada hora a mais
que gasta no caminho
É um sorvo a mais de cheiro
A terra e a rosmaninho!
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